Há uma luta entre o digital e o tradicional

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“A visão de que tudo o que é digital vai dar de comer às pessoas” marca o presente, mas a indústria tradicional mantém um lugar importante, defende Manuel Alfredo de Mello, membro do júri do Prémio EY Empreendedor do Ano em 2016

Como se compara uma empresa do mundo digital a uma organização tradicional, que fabrica calçado ou mobiliário? Vale o balanço financeiro mais do que a capacidade de inovação? “Para lá dos números, agarramo-nos muito a uma visão sobre o futuro da empresa”, explica Manuel Alfredo de Mello, sobre a eleição do Empreendedor do Ano, o prémio da EY, de que foi membro do júri, no ano passado. Mas “é bastante difícil escolher” quando as áreas de negócio são completamente díspares e o nível de desempenho das empresas é muito nivelado, assume o também presidente da Nutrinveste e Empreendedor do Ano de 2014.

Em 2016, o prémio da EY foi atribuído a Bento Correia e Miguel Leitmann, fundadores da Vision-Box (empresa especializada em soluções tecnológicas para o controlo de fronteiras), que se destacaram entre os seis finalistas – três da esfera digital e três da “economia tradicional”, como lhe chama Manuel Alfredo de Mello, vincando uma disputa que se acentua na era da globalização. “Hoje há muito a visão de que tudo o que é digital vai dar de comer às pessoas. É possível que aconteça em alguns casos, mas a comida não é digital, pelo menos por agora”, comenta o presidente da Nutrinveste. “As empresas da economia real, tradicional, são mais difíceis de fazer crescer, não aumentam 1000% de um dia para o outro, e isso é que é apelativo no digital”, considera.

Entre empresários focados na web e empreendedores de matéria-prima palpável, a seleção dos candidatos à sétima edição do Prémio Empreendedor do Ano será novamente realizada, através de entrevistas, por uma equipa sénior da EY.

Os dossiês de cada empreendedor serão posteriormente avaliados por um júri independente, que, este ano, será presidido por António Gomes da Mota, presidente do conselho de administração dos CTT. Em fevereiro de 2018, Portugal conhecerá os finalistas e, um mês depois, caberá aos jurados nomear quem mais se destacou em termos estratégicos, de inovação, impacto na sociedade ou desempenho financeiro.

O troféu que distingue o Empreendedor do Ano pela criatividade, inovação ou impacto global da sua acção para a sociedade

Rute Barbedo

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