Os lares para idosos são lugares tristes. Ponto. É o que sinto e peço desculpa a quem não partilha da opinião. Não conheço nenhum que tenha o que gostaria de ter quando e se chegar a velha: risos, alegria, vontade de não desistir. O que tenho encontrado são lugares onde se ouvem pés arrastados, barulho de cadeiras de rodas e onde se vê gente, com o cabelo grisalho e ar perdido, sentada em frente a televisores (que debitam programas onde a tragédia marca audiências) ou falando do seu passado porque já não sabem o que é futuro e o presente não existe. Há exceções? Há. Em cada lar há sempre alguém, que resiste e diz não à apatia, à resignação, à espera, que canta, que pinta a cara e a manta. E que anda entre os outros, os de olhar perdido, numa luta para que os lares de idosos não sejam lugares tristes. Mas são. E todos temos culpa. Não exigimos o suficiente de nós, dos cuidadores, das instituições. Apenas agradecemos que haja quem trate de quem está no fim da linha. Deveria ficar feliz por saber que há candidatos à Presidência da República que puseram os idosos no mapa da campanha? Não me façam rir. Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa não apagaram a tristeza dos olhos das velhinhas que beijaram em Portalegre e em Oliveira de Azeméis, nem Maria de Belém arrebitou esperanças ao prometer que fará refeições com gente célebre em lares para idosos. É treta, tão treta que só posso rematar com uma expressão: que tristeza!
Margarida Fonseca
Opinião JN 16.01.16