Passámos este fim de semana sob um sol glorioso. As praias animaram-se quase como no Verão. E, no entanto, este não foi um dia igual aos outros porque uma enorme tristeza mora, agora, nos nosso corações. A barbárie monstruosa atacou ontem, em Paris, e atingiu-nos a todos quantos acreditamos na bondade intrínseca da humanidade e partilhamos um conjunto de valores essenciais de respeito pela vida e pela dignidade humana.Todos os nossos pensamentos vão para as vítimas inocentes e seus familiares.As balas que mataram dezenas de pessoas em Paris mataram, também, alguma da nossa inocência e da nossa tranquilidade. Objectivamente dificultaram a tarefa dos que se uniram para reivindicar uma Europa aberta e solidária.Ouvimos, hoje já as vozes do costume clamando pelo fecho de fronteiras, expulsões, retiradas de nacionalidade, encerramento de lugares de culto, enfim purgas…Não é essa a nossa tradição nem são estes os nossos valores. Sabemos que tudo pode acontecer, mas fundamentalmente continuaremos empenhados em construir sociedades democráticas, tolerantes e inclusivas que, pela exigência de princípios, marquem a diferença de um continente que foi o farol de esperança da humanidade. Nestes dias em que a Europa está de luto, há que reafirmar que não nos tirarão o essencial dos nosso valores e que eles serão o cimento do futuro. Impõe-se que percebam que não abaterão a nossa fé democrática e que não hesitaremos em combatê-los com toda a decisão.
Eduardo Paz Ferreira