É PRECISO RESPONSABILIZÁ-LOS

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Quando o governo de Passos Coelho tomou posse iniciou um discurso obsessivo sobre responsabilização e julgamento do governo que o antecedera.

Passaram-se quatro anos em que o governo desrespeitou totalmente as promessas eleitorais, mudou de opinião inúmeras vezes, mentiu várias outras, refugiou-se em pequenos truques de baixa política e deixa uma herança insustentávelmente pesada.
Sem qualquer possibilidade de ser exaustivo, recordo que quase meio milhão de portugueses terá emigrado não voluntariamente, neles se incluindo muitos que tinham permitido falar da geração mais preparada de portugueses, a desigualdade subiu para níveis inaceitáveis, o pacto social foi destruído através de uma política de fomento de conflitos entre gerações, regiões ou profissões, a independência nacional foi vergonhosamente sacrificada, as jóias da coroa foram vendidas ao desbarato, deixando sectores vitais em mão estrangeiras e sem que isso, sequer, servisse para diminuir a dívida pública.

Tudo isto significa que deveríamos estar, neste momento, a exigir responsabilidade e julgamento para os decisores das medidas que nos encostaram à parede.

A primeira resposta nesse processo é a que é fornecida pela funcionamento da democracia e consiste em responsabilizá-los nas urnas no próximo dia 4 de Outubro.

Depois, há que começar a reconstruir Portugal, a restabelecer a confiança, a reafirmar os valores democráticos e solidários e a lutar pela felicidade dos portugueses, porque ao contrário do que afirmou Passos Coelho, este é um dever de qualquer governo e, também, um direito dos cidadãos.

Eduardo Paz Ferreira