Por muito que a Ministra da Justiça dê sinais de ter tirado uma sabática de quatro anos da teoria e prática jurídica, esta ideia de uma resolução em que se anuncia que vão ser criminalizados abusadores de idosos é, salvo o devido respeito, de cabo de esquadra, mas de cabo pouco letrado.
O que a Ministra e o Governo querem e, obviamente, todos acham louvável é anunciar que defenderão certo tipo de medidas. O local para o fazer é obviamente o Programa Eleitoral, onde espaço para inclui-las não falta. Assim não.
O argumento de que a Assembleia está fechada é, de todo em todo, falacioso, porque houve mais do que tempo para legislar se tal se tivesse querido fazer, tanto mais quanto havia já muito trabalho feito, quer no Conselho da Europa, quer na União Europeia, quer no seio da Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género.
A proteção dos idosos sendo uma exigência de humanidade e decência humana pressupõe, no entanto, um quadro de valores alheio ao pensamento político dominante.
Depois de quatro anos a sacrificar impiedosamente os idosos e a fomentar nos novos o ódio aos mais velhos, essa evolução do Governo só pode ser um desplante. Até porque os comportamentos que agora querem criminalizar são, em larga medida, resultado do quadro de cultura de ódio e impiedade que o Executivo criou, tornando claro que os velhos eram empecilhos que não ajudavam o progresso do País.
Uma vez que não quiseram saber deles em quatro anos. Não encenem, agora, todo este interesse, só porque os idosos votam.