Na passada quarta-feira, 29 de Julho, à hora do regresso da praia, a coligação apresentou o seu programa eleitoral, crucial para o futuro de Portugal. Uma manobra sábia porque o programa era péssimo e a água estava óptima.
Fazendo um resumo do programa Passista: as promessas são as de 2011, o cabelo é que já não é o mesmo. No fundo, o programa da coligação também é um “remake” de “O Pátio das Cantigas”. Passos voltou às promessas que fez em 2011, chamem os AA! O mais estranho deste programa é que se as promessas da coligação são as mesmas de 2011, não existe maior atestado de incompetência ao último Governo.
O programa é um “volte-face” na estratégia da coligação. De um momento para o outro, o homem que não fazia promessas promete colocar Portugal nas dez economias mais competitivas do mundo. Se for para tirar Alemanha do “top 10”, acho uma bela vingança. Mas faz um bocado de confusão ver o nosso austero PM fazer promessas que parecem desejos de Miss. Há histerismo a nível de promessas; vale tudo.
Choca-me ver um Passos que promete unicórnios depois de ameaçar ficarmos sem palha. Quero o Pedro Que Se Lixem as Eleições de volta. Opto pelo Passos do além da troika. Acho que isto são demasiadas promessas. Sermos das dez economias mais competitivas do mundo, cheira a trabalheira, cansaço e muito risco; prefiro o tal futuro previsível e cinzento, e o PM que se sente pequenino e se agacha na Europa.
É inconcebível ver o líder da coligação que tem nos seus cartazes “não é tempo de promessas” prometer a Lua. Ainda consigo compreender que o nosso PM, num momento de histeria colectiva (provocada pela presença de Paulo Portas), diga que vai levar Portugal ao “top” da competitividade mundial. Agora, vir dizer que o seu Governo vai apostar no Estado Social, já acho que é loucura. Mais facilmente os vejo a pôr uma universidade de Verão do PSD em Marte até 2017.
Todos precisamos de um farol, e Passos Coelho é o farol dos que não acreditam num futuro, dos que nada esperam de bom a não ser empobrecer por desígnio. Se esse farol de desesperança se apaga, fica apenas a luz. Uma coisa muito desagradável. De Passos, esperamos dias cinzentos carregados da cacimba da austeridade, não o queremos a correr pelos campos a prometer borboletas. Cinzento é cinzento. Não há cinzento-esperança. Onde anda o Passos que nos deprime sempre que abre a boca?
Custa ver um bastião da realidade do ajustamento render-se ao poder do sonho. Mas felizmente passa depressa porque temos memória. Todos sabemos que as promessas de Passos são como os Mundiais de Futebol: são de quatro em quatro anos e duram menos de um mês.
João Quadros