À luz do que foram estes 4 anos de discurso oficioso de rancor e de ressentimento contra os funcionários públicos e os reformados, alguém da PàF ainda assim vir agora ter o topete de lhes pedir o voto é no mínimo insultar a sua memória e a sua dignidade, uma vez mais. Seria o mesmo que pedir a um elefante do Botswana que votasse no Rei de Espanha. Ou que pedir a um leão do Zimbábue para votar num caçador americano. Não foram tanto as privações materiais: foi sobretudo o discurso feito de rancor, de inimizade e de ressentimento, legitimado e oficializado pela mesma situação que agora se pretende reconduzir. Os funcionários públicos reduzidos a uma cáfila de excedentários a merecer ser sempre vergastada, não só por cortes constantes, sucessivos e cumulativos, mas pela redução da sua dignidade profissional e pelo rebaixamento do seu prestígio e legitimidade social. Os reformados e pensionistas catalogados como uma peste grisalha, colocados perante a culpa moral de existirem, de viverem, e em oposição às novas gerações cujo futuro expoliam com as suas reformas e pensões. Um discurso na boca do deputado Peixoto agora promovido a cabeça-de-lista e reverberado até à exaustão pelos Medinas Carreiras e Camelos Lourenços da situação. Um discurso de guerra civil social permanente que quem tem memória não esquece. Sim, foram 4 anos de monopólio ideológico raivosamente revanchista. Só por síndrome de Estocolmo alguém poderia votar no seu carrasco. Ou só pelo medo. Mas, se for este o caso, que comprem antes um cão.
Carlos Reis
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