A Europa não é o euro: as pátrias que não aderiram à moeda única não são menos Europa; a Europa é um território de várias nações com uma história comum, bebendo todas de momentos e raízes culturais fundadores/as; é uma comunidade de trinta línguas que se quer(em) entender; redescobriu e reforçou a sua identidade no contacto com outras culturas; pelo caminho, cometeu os mesmos erros que cometem agora os seus inimigos; baluarte de valores que, não devendo ser impostos fora de portas, têm que ser defendidos por serem uma conquista da humanidade num processo de libertação de sucessivas opressões.
A Europa está agora a viver um período de esquecimento de si própria; dominada pela opressão do euro, instrumento mal calculado por não ter sido construído atendendo à diversidade existente, nela se permite e cultiva uma espécie de jogo devorador que conduz alguns dos seus povos a condenar outros como se tivessem sido os povos a escrever e assinar os tratados.
É altura de repensar tudo isto, começando por enfrentar quem só se satisfaz com os negócios e o poder do dinheiro e ignora o que representa a Grécia e a própria Europa.
Ouvir os governantes portugueses a falar disto provoca-nos uma tristeza e uma revolta tão grande como a que sentimos quando alguns políticos (mais ou menos jovens) ignorantes e perigosos, deram (e dão) sinais de aborrecimento por haver no seu país um número tão elevado de velhos.
Como seria bom para eles que desaparecessem os velhos (seus avós incluídos) e a própria Grécia. A sua alucinação é tão grande que nem se lembram do solo que pisam.
José Castelo Monteiro da Gama
Associado APRe! nº5