Escuta. Depois poderás sorrir, ironizar, aceito mesmo que duvides da seriedade com que te falo ou do estado do meu juízo. Não te apresses a julgar, de facto é como há pouco dizia: deixei de ter idade.
Tu, longe dos meus muitos anos, terás de aceitar a premissa, aceitar também que o que sei e sinto não se aprende em livros, resulta da experiência que para cada um de nós é diferente, desirmanada, única. E que quanto mais longa se torna, mais estranha parece, pelo que de bom aviso são os idosos que escondem o que pensam e sentem, perpetuando a ficção das gerações, a qual, além de agradar ao comum, oferece o descanso de manter cada macaco em seu galho.
José Rentes de Carvalho, Blogue TEMPO CONTADO