Opinião

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 O Prof. Boaventura de Sousa Santos

vai participar na manifestação de quarta-feira

“Este é um Governo de morte”
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos acusou hoje o Governo de estar a cometer “um crime” contra os pensionistas e exortou os partidos da oposição a unirem-se para derrubar o executivo PSD/CDS e criar um novo ciclo político.
“Os cortes que o Governo está a aplicar aos pensionistas são um crime organizado, cometido pelo Estado, um ato de terrorismo, contra o qual todos devemos lutar”, disse à agência Lusa o professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Boaventura de Sousa Santos, 73 anos, não tem por hábito ir a manifestações de protesto mas decidiu participar numa manifestação que várias organizações de reformados promovem quarta-feira junto ao Parlamento, na altura em que vai estar em discussão o Orçamento Retificativo, que prevê cortes nas pensões de reforma.
“Vou estar nesta manifestação porque penso que a situação do país chegou ao limite e que todos os cidadãos se devem juntar contra o que o Governo está a fazer”, afirmou o diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
O académico criticou a falta de unidade dos partidos da oposição para derrubar o Governo e proporcionar um novo ciclo político aos portugueses.
“Se o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP fossem partidos decentes, estariam unidos no Parlamento e na rua, para tentar derrubar este Governo e tentar criar um novo ciclo político para melhorar a vida dos portugueses”, disse.
É por uma nova política que estará quarta-feira junto à Assembleia da República, assegurou.
Boaventura de Sousa Santos considerou-se “um pensionista como outro qualquer”, a quem o Governo cortou entre 40 e 50% da pensão nos últimos 3 anos.
“Descontei para a segurança social, durante 45 anos, centenas de milhares de euros e este Governo sente-se livre para me cortar o que quer na pensão”, disse, salientando que a sua pensão é, neste momento, inferior ao salário da empregada da limpeza do seu escritório de Londres, onde leciona.
O investigador social alertou para o risco de “pobreza abrupta de muitos pensionistas devido aos cortes em curso que os leva ao desespero”.
“Este é um Governo de morte”, acusou.
O académico criticou ainda o executivo de Passos Coelho por só se preocupar em cumprir as obrigações para com os credores externos e esquecer as obrigações para com os credores internos, “os que descontaram toda a vida para ter uma pensão”.
“Na Alemanha as pensões são uma propriedade dos trabalhadores, ninguém lhes pode mexer. Aqui não é assim, mas há um contrato, que o Estado não está a cumprir, por isso vou para rua e não é tanto pela minha situação pessoal mas porque acho que o Governo atingiu o limite e que Portugal não é um milagre mas sim um pesadelo”, disse.
As estruturas de reformados APRe!, Reformados no Facebook, Inter-Reformados e MURPI promovem concentrações de protesto ao início da tarde de quarta-feira, junto à Assembleia da República, na altura em que é discutido e aprovado o Orçamento Retificativo para 2014.
(Lusa)