“ABATA-SE AO EFECTIVO”
Há uma “morrinha” em Portugal, que nos deixa a alma “molhada”.
O País está sem sol e Portugal sem sol, é triste e sem graça!
O ar é húmido e pegajoso. Cinzento e cola-se-nos à pele.
Por incrível que pareça, este bem que é o astro-rei não é tributável. Ainda!
Este é o tempo das aves de rapina. A seu tempo, ou melhor, na continuação deste tempo essas “aves” inventarão novas formas de maltratar, ainda mais, toda uma geração já tão sacrificada, retirando-lhes assim o seu direito ao descanso e dignidade.
Uma geração não pode sustentar uma Nação.
Alguém disse, com sabor de tragicomédia, que a nossa geração, com respeito por todas as outras, é uma geração “entalada”.
Por um lado, devemos respeito e amor aos nossos pais, e, por isso, somos convocados para os amparar; por outro, temos obrigações para com os nossos filhos e, alguns de nós, também para com os netos, de lhes “dar a mão” no meio deste “oceano” de desemprego e de falta de primeiro emprego.
Sem dúvida, que nos substituímos ao Estado, nestas situações, e, como “compensação”, o mesmo Estado subtrai os nossos rendimentos.
Olha o Fado!, parafraseando Fausto Bordalo Dias.
Em síntese, pagámos antes, pagamos durante e pagaremos sempre! E a seguir, pede-nos o Estado: façam o favor de morrer!
Antes e durante, porque nos obrigaram a descontar para garantirmos a nossa reforma e dignidade; para sempre, por dever solidário para com o nosso País em crise e também com as gerações futuras.
Dever solidário, que este Estado não conhece.
Em entrevista ao Expresso, de 26/01/2013, o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, afirma: “não se pode estar a descontar 40 anos, com base num acordo de boa-fé com o Estado, e depois este vir dizer que já não o pode cumprir.”
É um Estado de vergonha!
Todos nos indignámos com as declarações recentes do Ministro Japonês das Finanças, que afirmou que a sustentabilidade do Sistema de Segurança Social só seria viável, se os idosos se “deixassem morrer depressa”. Será que é muito diferente o que se passa em Portugal? Não estaremos por cá a desenvolver um embrião de eutanásia social?
A ser assim, digam que eu morri e abatam-me ao efectivo!
Maria do Céu Condez Alves
(Associada da APRe!)