A crise revelou problemas graves sem visibilidade pública, revelou fragilidades, mas também revelou as forças que permitiram responder melhor na proteção da saúde pública e na preservação do tecido económico e social.
As consequências económicas e sociais desta crise não são iguais para todos. Há uma profunda desigualdade socioeconómica e também territorial perante o risco dos efeitos da pandemia.
Não podemos, também, ignorar que a população mais vulnerável à pobreza se transformou. Hoje os mais pobres são os jovens, são as famílias com filhos e sem trabalho, são, por arrastamento, também as crianças.
Estão também a aparecer novas formas de desigualdade. A educação nos últimos meses em Portugal é um exemplo dessa emergência. Com a passagem do ensino presencial para o ensino online, a ligação de milhares de jovens ao sistema de ensino degradou-se fortemente, potenciando os mecanismos de reprodução geracional das desigualdades e neutralizando ainda mais os mecanismos de “elevador social” que a escola proporciona.
O país confrontou-se com dificuldades que subvalorizara ou desconhecia como a excessiva dependência económica do turismo, o atraso na transição digital e a enorme fragilidade de determinados sectores, acentuando as desigualdades tradicionais entre o trabalho manual/presencial e o trabalho intelectual ou nos serviços.
Pensar as alternativas é um imperativo de cidadania a que não nos furtamos e um exercício que continuaremos a fazer.
Carlos Farinha Rodrigues
Eugénio Fonseca
Fernanda Rodrigues
Francisco Branco
Maria de Lurdes Rodrigues
Mário Caldeira Dias
Paulo Pedroso
Rogério Roque Amaro
Teresa Caeiro
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