“Não quero morrer da doença, mas também não quero morrer de solidão”

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Muitos já viviam em solidão, agora solidão pesa cada vez mais. E nós, que andamos por aqui, “conversamos”, desabafamos, distraimo-nos, temos a consciência de que a maior parte da população desta faixa etária não tem acesso às redes sociais, não tem a quem manifestar as suas angústias, as suas dúvidas, as suas emoções. Ficam confinados a quatro paredes, onde só entra o som da televisão, quando entra. “Não quero morrer de solidão” é um grito de alma que não nos deixa indiferentes mas que, por muito solidários que sejamos, a situação que vivemos actualmente, não nos permite aliviar esse “virus” que também nos ataca!

 A população envelhecida parece resistir mais às regras de isolamento impostas pelo surto de covid-19 –­ e vai deixando pais, filhos e governantes à beira de um ataque de nervos. Mas cair na diabolização ou resumir a interpretação desse comportamento a uma mera teimosia é inútil e errado, avisam especialistas. Sónia Dantas, psicóloga e psicodramatista, explica que a “rigidez mental” e a “necessidade de controlar” tendem a crescer entre as pessoas mais velhas. “Somos menos flexíveis quando envelhecemos. Temos o mundo mais organizado em termos de rotinas e cumpri-las dá uma sensação de normalidade e, neste caso, de falsa segurança.”

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Público, 30.03.2020