Aida Santos

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Reacção da nossa Associada Aida Santos ao artigo de José Manuel Fernandes publicado no jornal “Público”
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Caro José Manuel Fernandes: 
Não custa nada, a quem domina a língua, recortar dos factos o que lhe convém. O que conta são os efeitos que se pretende assim obter. Porém, do ponto de vista intelectual, a falta de rigor e consequente deturpação não só deformam a perspectiva de quem reduz e afeiçoa a realidade àquilo que pretende dizer como retiram credibilidade a um tal discurso. Da parte de quem tem responsabilidade de esclarecimento cívico proporcional ao palco público que ocupa, não é decente. 
“Quem os ouvir julgará que está a escutar defensores da maioria dos pensionistas, mas a verdade é que as sobretaxas de 10% (ou mais) apenas afectam as pensões acima dos 5030 euros, sendo que não haverá sequer cinco mil beneficiários nessas condições”. 
Diga-me só isto: 1) de que “sobretaxas” fala?; 2) reformas acima de de 1350 euros (ilíquidos!) são “douradas”? E, já agora: depois dos “cortes”, impostos e “taxas”, é para esses proventos que se insinua a ilustração do golfe? 
O que é que escolhe dizer e o que é que, para dizer o que quer, não diz? 
Escute-se: “defesa do que são os seus (deles) privilégios relativos”? O que queria V. que eles defendessem? Os seus (privilégios relativos), J M. Fernandes? A servidão que “amolece” e “embrutece” é a da ignorância – e a do medo perante o futuro. “O resto são tretas”. “Indecoroso”, para muitos, é um discurso político de cátedra, para menosprezar o sentido da luta dos que ainda têm o direito, num Estado de Direito, de exercer a sua cidadania. Quanto ao seu “Estado garantia”, não leve a mal que não o queiramos – guarde-o para si… um dia. 
PS: Aceite de boamente a crítica. Para ao menos saber do grau de indignação de quem chegou ao limite da paciência. E olhe que somos muitos.

Aida Santos 

Associada da APRE!