Bom senso

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BOM SENSO, precisa-se…

O termo “Bom senso”, como facilmente se depreende, é constituído por duas palavras de origem latina, “bonus -> bom” e ” sensus -> sentido, sensação, pensamento”, sendo considerado em termos gerais como «o equilíbrio nas decisões ou nos julgamentos em cada situação que se apresenta».
Torna-se, assim, por demais evidente a grande dificuldade em caracterizar o comportamento humano dentro destes parâmetros ideais, já que as próprias noções de “equilíbrio” e de “julgamento” são, por si sós, de difícil análise e quantificação. Tal como as noções de “estética” e de “beleza”, a sua apreciação por parte do ser humano é de impossível avaliação quantitativa e, mesmo a avaliação qualitativa depende de cada um.
Ninguém consegue solicitar numa qualquer loja 1 Kg de “Bom senso”, na mesma medida que ninguém consegue dizer que esta ou aquela pintura é 10% melhor do que outra.
Feita esta aparente lógica apresentação, somos levados a perguntar-nos se o conceito em apreço é privilégio do racional ou, pelo contrário, se estende igualmente aos seres ditos irracionais. E torna-se claro que a irracionalidade, por demasiadas vezes praticada pelos que se assumem como racionais, apesar de humanos, exclui naturalmente do domínio dos primeiros a possibilidade de usarem de “Bom senso” na sua vida quotidiana.
Resta-nos, portanto, desejar que os seres ditos humanos e racionais possuam a capacidade de actuar, na sua vida quotidiana, de acordo com o princípio do «equilíbrio» nas suas decisões e julgamentos, o que os distinguirá da irracionalidade.
Chegados a este ponto, perguntar-me-ão certamente: e a que propósito vem toda esta lenga lenga sobre um conceito de difícil avaliação? E eu, respondo – o “Bom senso”, só por si, não basta para que as nossas acções se desenvolvam num determinado sentido e com um propósito determinado. Para isso, necessitamos de o complementar com aquilo a que chamamos “inteligência” e sabendo que, já desde Darwin, se admitia a necessidade de ampliar o conceito tradicional, ligado essencialmente às simples capacidades cognitiva e de memorização, através de um novo conceito mais ligado à capacidade de sociabilização a que mais recentemente se decidiu chamar “inteligência emocional” (Payne, W. L. 1983/1986).
Aqui chegados, torna-se evidente que os seres ditos humanos e racionais, para atingirem com êxito qualquer objectivo a que se proponham, devem conjugar o uso destes dois conceitos – a INTELIGÊNCIA e o BOM SENSO.
Imaginemos uma batalha em que um dos contendores se apresenta fortemente armado, auxiliado por estrategas de nomeada, pagos a peso de ouro, e em que o seu oponente só dispõe de um exército de elementos mal preparados, mal nutridos, enfraquecidos pelo cansaço de embates anteriores contínuos.
Será inteligente e de bom senso que estes últimos se atirem para a frente de batalha de peito feito, sem estratégia nem coordenação e liderança forte e coesa?
Será inteligente e de bom senso que estes últimos deixem que o forte adversário saiba, ou anteveja, a sua eventual estratégia para compensar o diferencial de capacidades entre os dois?
Será inteligente e de bom senso que estes últimos não cuidem devidamente em acautelar a não existência entre eles de eventuais elementos adversários infiltrados nas suas hostes?
E, numa luta em que se apresente como principal arma a «força da razão», será inteligente e de bom senso que estes últimos ofereçam ao adversário, “de bandeja”, razões para que essa arma da razão possa ser posta em causa? Arma da razão que se pretende que seja comum a TODOS os elementos e locais onde este exército esteja presente?
E que se ofereça essa arma da razão ao adversário mesmo dentro das nossas muralhas? Do nosso próprio castelo?
Uma vez que vos considero a todos, dirigentes e associados, dotados da referida inteligência e bom senso que a luta que travamos impõe, espero que estas palavras sirvam para uma reflexão profunda sobre a nossa actuação e que essa reflexão reforce a UNIÃO, VONTADE e DETERMINAÇÃO que irão ser necessárias nas batalhas que teremos de travar pelo sucesso da nossa APRe!
Carlos Ponce 
APRe! nº 378