Burnout Não há vencedores nesta luta em que estamos todos a perder. Há a luta contínua por um mal menor.

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 Gustavo Carona: “Aos que gritam “liberdade” e pelos doentes “não-covid”, eu convido-vos primeiro a deslocarem-se a um hospital central e a apresentarem alternativas. E se continuam a achar que o vírus não é assim tão mau e que mata só velhinhos já quase mortos, eu convido-vos a vir comigo e escolher quem é que deixamos morrer à porta do hospital?”

 

 …Os problemas tomaram conta de mim. A raiva, a angústia de ver cada vez mais doentes a chegar, os profissionais cada vez mais exaustos, e a opinião pública cada vez mais decidida a falar do que não sabe. Quando me parece tão óbvio que “falar do que não se sabe” em tempos de crise cria confusão, entropia, hesitação e mais angústia. E angustiado fico eu por sentir que tenho uma palavra a dizer pelos doentes que vejo a morrer nas minhas mãos, pelas famílias que sinto a sofrer ao telefone, e pelos profissionais de saúde que estão a ser triturados. Querem liberdade? Então digam para onde mandamos para morrer os doentes que podem ser os vossos pais ou as vossas mães.

 
…Acho que assumi demasiadas lutas. A luta pelos doentes, e a luta pela opinião pública. Sei que ambas são fulcrais. Sei que ambas se entrecruzam. Sei que uma guerra se ganha no coração das pessoas. E fui na minha ingenuidade tentar explicar o óbvio. Tentei sempre comunicar pela positiva, e acreditem que não é fácil resistir a não responder na mesma moeda aos que ao meu nome colaram insultos.

 

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