Ciclo de Debates

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Ciclo de debates no Porto

 «O ESTADO SOCIAL E O DIREITO À APOSENTAÇÃO COMO PILAR DA DEMOCRACIA» 
Venho (finalmente) dar-vos conta do que foi o último destes debates, realizado anteontem, no auditório do Rivoli. 
A ideia deste ciclo era promovermos um necessário esclarecimento em torno das questões que têm sido invocadas para justificar quanto tem vindo, no discurso dominante e nas práticas deste governo, a afectar o que respeita a esse nosso direito. 
Não tínhamos dúvida de que esse debate era fundamental: tanto para associados quanto para divulgarmos a presença e o interesse da “APRe!” nele – e na defesa dos direitos dos reformados. Que tal convicção não era só nossa, prova-o o facto de a terem entretanto partilhado outros núcleos, promovendo idênticos debates. Por isso também, valeu a pena. 
Ambos os objectivos foram cumpridos: tivemos , de facto, reformados que se nos associaram; e tivemos oportunidade de nos informarmos e sermos esclarecidos acerca de dúvidas que porventura tivéssemos. 
Inicialmente, os critérios para pedirmos colaboração a figuras públicas eram: se possível, “prata da casa” (não só pelo seu reconhecimento público, ao nível local, entre a população que nos importa considerar, como também para podermos convidá-los, como foi sempre o caso, em regime “pro bono”); antes de mais, que estivessem também ligados a esta temática, tendo “obra” quanto a aspectos dela. 
Para lá disso, tínhamos em mente o debate de perspectivas: para que os assistentes pudessem ver, pelo confronto, diversas “leituras” – e avaliar caminhos e propostas que delas decorrem. 
Dentro dos constrangimentos que fomos encontrando (nem todos puderam, ou quiseram, aceitar), o balanço foi muito, muito positivo. Da perspectiva dos que vieram – que é disso que temos ecos. 
Sinto que devo (espero que os elementos do núcleo que trabalharam nesta iniciativa não se importem que agora fale em meu nome) agradecer a quantos se disponibilizaram, de imediato e sem nada em troca, a colaborar connosco. 
Do Presidente da Câmara do Porto, tivemos um imediato e importante apoio, que se traduziu no espaço para esses dias de debate (o belo espaço, mesmo no coração da cidade, do Rivoli) e na sua presença no primeiro (presença excepcional, como lá disse, por ser iniciativa que julgava importante, com gente por quem tinha consideração). Tivemos connosco, também nessa primeira sessão, a Drª Rosário Gama e o Doutor Augusto Santos Silva, que tem obra publicada sobre o tema e o tem acompanhado, desde que fez parte do Livro Branco da Segurança Social. Depois, esteve connosco o Doutor Eugénio Rosa, com a disponibilidade que descobri ser a sua (a de quem se desloca para responder a solicitações como a nossa, mesmo em períodos de grande cansaço; e ia chegar a casa sabe-se lá a que horas, conforme pensei, quando o deixámos na estação de Campanhã). 
Desta vez, aceitaram cá vir, no meio dos seus muitos afazeres, a Doutora Raquel Varela e o Doutor Paulo Morais. Não é preciso apresentá-los – todos os conhecem. 
A Drª Rosário Gama, que não pôde estar presente, enviou um comunicado, que foi aqui tornado público (“COMUNICADO de 6 de Maio 2013”). 
Raquel Varela, com a expressividade (e o enorme, e muito bonito de se ver, entusiasmo pela defesa da Segurança Social, no que ela significa, em termos de aquisição civilizacional, para todos nós) que todos lhe conhecemos, mostrou como os reformados estão a pagar os (pelos) despedimentos. Essa relação permitiu-lhe passar por outras questões, ligadas à sustentabilidade da Segurança Social. Pôde assim equacionar, numa perspectiva consistente, como os efeitos seriam diferentes, se o rumo fosse outro. Acabou com aquela citação de Aquilino Ribeiro que aqui (em foto) vos deixo. [Recomendo, mais uma vez, a leitura da obra que coordenou: “Quem paga o Estado Social em Portugal?”] 
Paulo Morais escolheu incidir, dentro da área a que se tem dedicado, numa outra relação: “Da corrupção à crise”. Começou por desmontar pressupostos (o de que os portugueses andaram a viver acima das sua possibilidades e o de que não há alternativa), apresentando-os como evidente mistificação. Esclareceu como a maior despesa (OE/2013), 14%, é a relativa a juros de dívida pública. A seu ver, as PPPs (encargos para o Estado e lucros para os privados) impedem qualquer hipótese de sairmos deste atoleiro. No entanto, dada a promiscuidade políticos/interesses privados (de que deu exemplos), num esquema em que estão com um pé num lado e outro noutro, passando à vontade de um para o outro, essa é a questão que tem de ser revista. 
No período destinado ao debate, intervieram alguns dos presentes, com questões entretanto comentadas pelos nossos convidados. 
Queria deixar aqui a nossa gratidão a todos eles. Pela colaboração que à “APRe!” deram, todos no-la merecem. 
Aida Santos