Dia do Idoso: pensões quase estagnadas em 40 anos

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A pensão mínima de velhice é hoje apenas mais três euros do que à 40 anos, se se descontar a inflação. No Dia Internacional do Idoso, o portal estatístico Pordata indica que Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais idosos a viverem sozinhos.

A pensão mínima de velhice é hoje apenas mais três euros do que há 40 anos, descontando a inflação, sendo Portugal o terceiro país da União Europeia com mais idosos a viverem sozinhos.

Os números traçam um retrato da população mais velha em Portugal, feito pelo portal estatístico Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a propósito do Dia Internacional do Idoso, que se assinala este sábado.

Dizem por exemplo que a atual pensão mínima de velhice e invalidez, de 262 euros, é muito superior aos 8 euros de 1974, mas que, descontando a inflação, os idosos do regime geral da segurança social recebem hoje apenas mais 3 euros do que há 40 anos. A preços constantes tendo como base 2011 ganhavam 251 euros em 1974, ganhavam 253,7 euros em 2015.

Pegue-se agora no total de pessoas que vivem sozinhas e olhe-se para a idade: 53% têm 65 ou mais anos. Na União Europeia só a Croácia e Malta têm mais idosos a viver sozinhos do que Portugal. A média europeia é de 40% e do outro lado da tabela está a Suécia, onde só são idosos 14% de todos os agregados domésticos unipessoais.

A isto some-se a taxa de emprego, que vai baixando à medida que as pessoas vão ficando mais velhas. Em 2015 era de 80% entre os 25 e os 44 anos, descia para 76% entre os 45 e os 54, e descia para 50% entre os 55 e os 64 anos.

E ao retrato junta-se a escolaridade. Os números dizem que entre as pessoas com 65 ou mais anos mais de uma em cada quatro não completou qualquer nível de escolaridade, uma situação que ainda assim melhorou substancialmente nos últimos 10 anos.

Com tudo junto chega-se aos números sobre a pobreza. Dizem eles que 90% das pessoas com 65 ou mais anos seriam pobres sem as transferências sociais. Ainda assim, após essas transferências a taxa de risco de pobreza para idosos é de 17%.

Portugal é o oitavo país da União Europeia com mais pessoas idosas em situação de carência económica ou de bens duradouros. São 10% dos mais velhos na lista dos 28, encabeçada pela Bulgária, com 40% de idosos em situação de privação severa.

A média da União Europeia está nos 6,2% e o país com menos idosos nestas condições é o Luxemburgo, com apenas 0,1% que não podem, por exemplo, fazer face a uma despesa extra, ter televisão a cores ou telefone, poder comer carne e peixe duas vezes por semana ou pagar as contas mensais, entre outros itens para definir a taxa de privação material severa.

E a este quadro junta-se o acentuado envelhecimento da população. Há 30 anos os pensionistas e reformados eram uma em cada quatro pessoas ativas e hoje são praticamente uma em cada duas pessoas ativas.

Número de idosos duplicou desde 1970

Segundo a Pordata, o número de pessoas em Portugal com mais de 65 anos duplicou em relação aos anos 70 e é hoje superior a dois milhões, tendo a população com mais de 80 anos aumentado cinco vezes.

Em termos concretos, havia em 1971, em Portugal, 836.058 pessoas com 65 e mais anos. Em 1977 ultrapassaram o milhão e em 2012 os dois milhões. Em 2015 eram 2.122.996.

Quanto às pessoas com 80 ou mais anos, eram 123.592 em 1971, passando a 605.012 em 2015. Os números são sempre cruzados pelo portal estatístico Pordata, usando várias fontes, neste caso o Instituto Nacional de Estatística.

Outro dado que demonstra o envelhecimento do país compara também os anos 70 do século passado com a atualidade: nessa altura por cada pessoa com 65 ou mais anos existiam duas crianças com menos de 10 anos. Hoje é ao contrário, por cada criança com menos de 10 anos existem duas pessoas com 65 ou mais anos.

Se em termos globais os idosos são 20% da população portuguesa no Alentejo e no Centro essa percentagem é superior (24,6 e 23,2, respetivamente), destacando-se os Açores e a Madeira como as regiões mais jovens (13,4 e 15,4, respetivamente).

E olhando ainda mais em pormenor os números indicam que há municípios tão envelhecidos que os idosos ultrapassam os 40%, como os de Idanha-a-Nova, Pampilhosa da Serra, Penamacor e Vinhais. Em Alcoutim chegam mesmo aos 45,2 por cento, em contraponto com Ribeira Grande, nos Açores, onde os idosos são apenas 08% da população.

Outro facto que os números revelam é que mais de duas em cada cinco pessoas com 65 e mais anos, ou seja 42%, residem nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Essas duas regiões equivalem a cerca de 05% do território nacional mas concentram 44% do total de residentes.

E se todos os números indicam que Portugal é um país envelhecido a comparação com o resto da Europa só o confirma. No índice de envelhecimento relativamente a 2014 Portugal era o quinto país mais envelhecido.

Nesse ano Portugal tinha 138,6 idosos (65 ou mais anos) por cada 100 jovens (menos de 15 anos). A Alemanha era o país mais velho, com 159,1 idosos por cada 100 jovens, seguindo-se a Itália, com 155,9, depois a Bulgária, com 143,3, e a Grécia, com 141,8.

A média da União Europeia está nos 119,8 idosos por cada 100 jovens e a Irlanda é, de longe, o país mais jovem, com apenas 58 idosos por cada 100 menores de 15 anos.

O Dia Internacional do Idoso foi instituído pela ONU em 1991 para sensibilizar o mundo para as questões relacionadas com o envelhecimento e a proteção dos mais velhos.

tvi24 01.10.2016