DIA MUNDAL DA SAÚDE

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No  dia 5 de abril, dia em que o Ministério da Saúde assinala o Dia Mundial da Saúdeé oportuno reflectir sobre o que faltou/falta fazer, em termos de saúde, pela população cada vez mais envelhecida, no nosso país. Algumas constatações:

Primeira constatação: faltou uma planificação para dar resposta àquilo que se vinha anunciando em terms demográficos: maior esperança de vida, (bom  indicador da qualidade de vida da população e do SNS) e baixa natalidade. A conjugação destes dois factores, a par da emigração de jovens qualificados, muitos deles da área da saúde, potenciou problemas sociais para os quais a resposta necessária não é suficiente.

Segunda constatação: os direitos humanos, que não podem diminuir com a idade, são muitas vezes postos em causa pela ausência dos cuidados necessários a que os idosostêm direito. O direito à autonomia, que permite decidir se querem terminar os dias em sua casa, desde que a saúde o permita, é posto em causa quando os apoios familiares ou não familiares, não podem proporcionar os cuidados necessários. Mas para que os familiares prestem esse apoio é urgente a criação do “Estatuto do Cuidador Informal”, onde se garanta o apoio que o mesmo necessita, nomeadamente no que se refere à flexibilidade laboral, aos dias de descanso e de férias, ao apoio psicológico, ao apoio monetário, aos benefícios fiscais…

Terceira constataçãodiz respeito a tratamentos discriminatórios nalguns serviços de saúde, onde os idosos são considerados “não utilitários” e a uma deficiente rede de cuidados continuados, cuidados continuados de longa duração e de cuidados paliativos. (Foi noticiado no JN quê uma idosa com 93 anos, foi encontrada, no Porto, a dormir na rua, onde se encontrava já há dois dias, na sequência da alta hospitalar, após ter tido um AVC!…).

A quarta constatação refere-se ao reduzido o número de Lares /ERPIs , impeditivo de uma resposta a quem  não tem alternativa para continuar a viver nas suas casas. Os que estão ao alcance das baixas reformas são muitas vezes ilegais e, a maioria, não permite a dignidade que todos as pessoas merecem. Os particulares não são acessíveis à maioria dos reformados, por impossibilidade de comportar os seus custos; os lares com acordo com a Segurança Social não têm vagas suficientes para a crescente procura.

A quinta constatação refere-se ao nível muito baixo das pensões que faz com que muitos idosos não possam comprar os medicamentos necessários e umas vezes optem por uns, outras vezes, por outros, ou ainda que a opção seja entre o medicamento e o alimento. Também as baixas pensões não permitem o aquecimento adequado nas casas o que, com o tempo desfavorável, conduz ao aumento das gripes e das pneumonias. Quantas vezes se estende por mais do que um mês a falta de pagamento da luz, que só é paga, em parte, quando chega o aviso que ela pode ser cortada.

A sexta constatação diz respeito à fraca implementação da Medicina Geriátrica. A população idosa confronta-se com doenças crónicas, bem como com outras doenças, nomeadamente as demenciais,  que merecem uma resposta dirigida, nos centros de saúde, através de uma possível “consulta do idoso”.

Há muito por fazer!!!

Maria do Rosário Gama