Dividir para reinar

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Atenção às Técnicas Políticas


Durante alguns dias mantive na folha do Facebook Aqui Agorae Depois uma espécie de campanha de boas notícias que estavam e estão aacontecer em Portugal; fi-lo porque é verdade. A sociedade civil portuguesa temuma criatividade e uma capacidade de reacção notáveis normalmente travadas pelotipo de organização a nível estatal, concretamente a nível dos processosadministrativos e da justiça.
Quando temos uma infecção provocada por uma bactéria temosque a matar antes que ela nos mate a nós; mas é preciso ter cuidado na escolhado antibiótico certo, porque senão, não só não a mataremos, como poderemosmatar outras que nos são úteis.
Da mesma forma quando tentamos organizar o Estado parapodermos potenciar o que de bom sabemos fazer não está em causa que isso sejanecessário (o que) mas sim se as transformações escolhidas são as úteis (ocomo).
A este propósito há a dizer que as políticas sociais queestão a ser seguidas são mortíferas porque não deixam criar as condiçõesnecessárias à coesão social para que possa emergir com pujança algum trabalhoque a sociedade civil vai tentando desenvolver.
Pouco capaz de melhorar a burocracia que envolve asiniciativas, pouco capaz de neutralizar os pequenos poderes do Estado porque éneles que estão os” boys” e as “girls” do “centrão”, pouco ágil a agilizar ajustiça o governo, concretamente o primeiro ministro, deu prioridade à políticamaquiavélica do dividir para reinar.
É necessário desmontar esta política que começou por viraros trabalhadores do sector privado contra os funcionários públicos legitimandoassim a brutalidade com que os atacou. Foi fácil, porque há uma ideia muitogeneralizada em sectores ligados à actividade privada que parecem odiar osector público e, portanto, obtiveram-se os resultados esperados. As razões doataque já nem sequer existem porque já não há e não havia a segurança evocadano sector público. Também a outra razão escolhida para o ataque, a média dosordenados mais elevados no sector público é uma falsa questão pois dada aestrutura das funções assumidas pelo Estado ele tem sob sua tutela o que sedesignavam os “corpos especiais ” ( juízes , militares professores , médicosetc) todos com formação superior e carreiras estruturadas , o que leva a que amédia nestas circunstâncias não seja um indicador fiável.
Vencida a primeira etapa havia que provocar mais fracturas eestas tiveram como alvo os reformados em várias vertentes:
Os reformados das pensões mais altas não descontaram namedida em que estão a receber;
È preciso proteger os reformados das pensões mais baixas;
Nós, da nossa geração (do primeiro ministro) não vamos terreformas como os actuais reformados.
Esta narrativa visa duas fracturas:
A primeira é separar os reformados das pensões mais baixasque serão protegidos com mais cinco euros porque eles estão do lado do bem,como a Merkel deseja ; do outro lado estão os que se atrevem a ter mais de mile quinhentos euros, os que sobrecarregam o país que estão do lado do mal eportanto vão suportar as despesas. É claro que o primeiro ministro baralhatudo, falando nas pensões muito elevadas, por vezes sem anos de descontos queas justifiquem, com as arduamente conquistadas por décadas de contribuições,mas isso é só para estabelecer a confusão.
Para além desta fractura ainda estão em vias de instalar umaterceira esta última muito grave porque é geracional e estão a ter sucesso.Estão a virar os filhos contra os pais, os jovens contra os velhos o que é tãoabjecto que me abstenho de, sobre ela, fazer mais comentários, no momento.
Eu gosto muito de política, e também frequentei a “escola”onde estas técnicas foram aprendidas. Deixei esta actividade de que gostava,entre outras razões, por não conseguir aguentar este tipo de truques.
Amigos, não caiam nesta rasteira , por favor!
Maria Teresa Rio Carvalho