E a Europa, senhoras e senhores?

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Depois da crise grega, João Caraça perguntava o que sobrará da Comissão Europeia quando as contas estiverem fechadas. Noves fora zero, nada. Mas talvez tenha sido Nicolau Santos, no Expresso, quem fez o inventário mais sofrido e mais realista sobre a paisagem depois do desastre e é assim:

  1. “as escolhas económicas dos países da zona euro vão deixar de existir,
  2. as escolhas políticas tenderão a recair cada vez mais em governos de centro-direita,
  3. a Europa será cada vez mais moldada à imagem a ao pensamento de Berlim,
  4. qualquer povo que tenha a ousadia de desafiar este estado de coisas pode contar com a fortíssima oposição de todos os outros Estados membros,
  5. a solidariedade e a coesão social deixaram de fazer parte do breviário europeu, passando a estabilidade financeira a ser o alfa e o ómega da acção política e económica,
  6. está criado um enorme ressentimento e desconfiança entre os povos do norte e os do sul da Europa.”
Não há nem remissão nem salvação, vivemos um tempo desequilibrado e não se volta atrás. A Europa está a pagar o preço das suas instituições, das suas imposições e dos seus líderes. Os discursos de Merkel e de Hollande esta semana no Parlamento Europeu dificilmente podem ser visto como uma porta aberta, porque são uma reafirmação de autoridade e não de soluções. Mas precisamos de abrir essa porta.
Francisco Louçã