‘Healthy Ageing’

16

O enorme desafio do envelhecimento sustentável exige que sejamos capazes de combinar diagnósticos baseados na melhor evidência científica com soluções práticas e criativas.

Em julho de 2017 os meios de comunicação social noticiaram que uma avó de 96 anos cumpriu o sonho de saltar de paraquedas de um avião, no aeródromo de Évora.

Física e socialmente ativa, esta avó simboliza o espírito de um envelhecimento saudável que ambicionamos, mas que infelizmente em Portugal é uma exceção. Este tema tem vindo a merecer uma reflexão aprofundada sobre as oportunidades de saúde, segurança, participação e aprendizagem que estamos a criar para uma camada cada vez mais significativa da população – cerca de 20% da população portuguesa tem mais de 65 anos e Portugal é um dos países mais envelhecidos da UE.

Com enormes progressos globais na redução da mortalidade infantil e de doenças infecciosas, estamos a viver mais tempo, o que não significa que estamos necessariamente a viver melhor. Para tornar o envelhecimento saudável uma realidade, deve haver um compromisso de melhorar a saúde ao nível individual, aplicando novos conceitos de medicina digital e de precisão ao bem-estar das populações.

A conferência da Saúde enquadrada na iniciativa Beyond – Portugal Digital Revolutions promovida pela EY, pretende trazer um novo olhar sobre estratégias de intervenção e utilização de tecnologias, que funcionem como uma alavanca de mudança da gestão da doença para o bem-estar; e que, por outro lado, promovam o envolvimento dos consumidores na promoção de uma mudança de comportamento duradoura.

Para tal são necessárias novas parcerias e soluções que garantam que o período de vida saudável está alinhado com o aumento da esperança de vida e combinem o pensamento de diferentes indústrias com o know-how dos profissionais de saúde e das organizações.

A capacidade de integrar diferentes competências e recursos que os diferentes parceiros podem trazer – financiadores, prestadores, empresas, empreendedores e inovadores – é crítica e exige o desenvolvimento de novas métricas de envelhecimento saudável, que podem ir desde dados genéticos e ambientais a novas metas de saúde.

Nenhum grupo terá a solução única e ideal para um envelhecimento saudável e sustentável. Como sociedade teremos assim que saber antecipar e discutir quais os desafios científicos, económicos, políticos, éticos, legais e sociais que esta transformação acarreta e testar soluções que possam ser implementadas rápida e eficazmente.

Como a avó que cumpriu o seu sonho aos 96 anos teremos que combinar audácia, resiliência e capacidade de concretização. O enorme desafio do envelhecimento sustentável exige que sejamos capazes de combinar diagnósticos baseados na melhor evidência científica com soluções práticas e criativas.

Guilherme Victorino