Inquérito do INE revela que, em 2013, um em cada quatro idosos atrasou-se no pagamento da renda de casa, empréstimos ou despesas correntes como a água ou a luz, não comia uma refeição de carne e peixe de dois em dois dias, não tinha carro, televisão ou máquina de lavar roupa.
O número de idosos que vive em privação material aumentou entre 2013 e 2014, atingindo um em cada quatro, revela o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os dados adiantam que a proporção de população em pobreza consistente (simultaneamente em risco de pobreza e privação material) era de 10,5% em 2014, contrariando pelo segundo ano consecutivo a tendência de ligeira descida que vinha a verificar-se desde 2010.
Em 2014, 25,7% dos residentes em Portugal viviam em privação material e 10,6% em situação de privação material severa, não se registando alterações significativas face ao ano anterior, refere o inquérito, divulgado a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala no sábado
Considera-se privação material quando um agregado não tem acesso a pelo menos três itens de uma lista de nove relacionados com necessidades económicas e bens duráveis.
Na lista, estão incluídos itens como os atrasos no pagamento de rendas, empréstimos ou despesas correntes da casa, o facto de conseguir ou não comer uma refeição de carne e peixe de dois em dois dias, de ter ou não carro, televisão ou máquina de lavar roupa ou de conseguir ou não fazer face ao pagamento de uma despesa inesperada, entre outros.
Segundo o inquérito, realizado em 2014 sobre os rendimentos de 2013 das famílias residentes em Portugal, “a proporção mais elevada de pessoas em privação material” encontrava-se no ano passado no grupo dos menores de 18 anos (27,4%), situação já observada nos anos anteriores.
Contudo, foi sobretudo a proporção de idosos em privação material a que mais aumentou entre 2013 e 2014 (de 23,1% para 25,2%).
Os dados apontam também que a população em risco de pobreza ou exclusão social se manteve nos 27,5% em 2014, mas sublinham que este “indicador de pobreza ou exclusão social afeta de forma diferente os agregados familiares sem crianças dependentes (25,9%) e os agregados com crianças dependentes (29,0%)”.
O estudo analisou ainda a carga mediana das despesas em habitação e a taxa de sobrecarga das despesas em habitação, indicadores que permitem avaliar a importância dos custos associados ao acesso e utilização da habitação no rendimento disponível dos agregados familiares.
No ano passado, a carga mediana das despesas em habitação foi de 13,4%, o que corresponde ao valor mais elevado dos últimos 10 anos.
De acordo com o inquérito, 9,2% da população vivia em agregados com sobrecarga das despesas em habitação (mais 2,0 pontos percentuais que em 2011).
Por outro lado, com base na taxa de sobrelotação da habitação, que compara o número de divisões disponíveis com a dimensão e composição da família, estima-se que 10,3% das pessoas viviam com insuficiência de espaço habitacional em 2014.
“A consideração simultânea de uma condição de sobrelotação e de pelo menos uma insuficiência relativa a instalações de higiene (WC, equipamento de banho ou duche), a luz natural insuficiente ou problemas de humidade do alojamento permite concluir que 5,5% das pessoas se confrontaram com condições severas de privação habitacional em 2014”, refere o INE.