Ignorar em vez de responder: Como fintar os algoritmos para não alimentar o ódio nas redes

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Sara Borges dos Santos

 Os algoritmos nas redes sociais funcionam com base em conhecimento que vão adquirindo sobre aquilo que as pessoas fazem ou dizem. “Mas é possível ensinar os algoritmos, da mesma maneira que é possível a quem os produz afinar a forma como eles vão ganhando conhecimento sobre o que se passa”, explica À VISÃO Maria João Nogueira, especialista em redes sociais.


 “Uma publicação num blogue que tenha 100 comentários e, desse número, apenas um deles for negativo, a qual é que nós vamos responder? Ao negativo”, começa por dizer Maria João Nogueira, Diretora de Comunicação e Relações Públicas na Fundação Portuguesa das Comunicações e especialista em redes sociais. No geral, o ser humano reage mais ao que é negativo porque está “artilhado” em termos cerebrais para enfrentar mais rapidamente a ameaça, faz parte da sua estratégia de sobrevivência. “Aquilo que nos impacta negativamente provoca-nos maior atenção e as redes sociais jogam com isso. Portanto, sempre que existe uma indignação, um comentário negativo ou uma afirmação de ódio, de racismo, de xenofobia ou de misoginia, coisas profundamente injustas, captam-nos muito mais a atenção e provocam uma reação”, afirma Maria João Nogueira.

Sempre que se faz isso, dá-se força tanto à pessoa ou pessoas que pretendem alimentar esse ódio, porque se sentem validadas, como também ao algoritmo, porque é-lhe dada a informação de que determinado conteúdo e pessoas são relevantes ou importantes. “Os algoritmos não vêem qualidade, só quantidade. Portanto, estamos a criar uma validação”, explica a especialista.

 

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