Por quê este ataque insistente aos pensionistas?
Não estava nos compromissos eleitorais – antes pelo contrário – do governo, não estava no memorando da troica. Cada medida, para além de imoral, nunca melhorou em nada qualquer das metas do governo.
Por quê então assistirmos há dois anos a um ataque cerrado a quem recebe o fruto da contribuição que efetuou ao longo da vida? Por quê a insistência em desbaratar o princípio da proteção da confiança, esse que vai agarrando o contrato social? Por quê instigar à guerra social?
Por quê reduzir as deduções específicas em sede de IRS para os rendimentos de pensões?
Por quê roubar duas pensões em 2012 aos pensionistas?
Por quê roubar uma pensão em 2013 aos pensionistas?
Por quê somar a isto um aumento colossal das taxas de IRS?
Por quê a criação de uma sobretaxa a pensionistas?
Por quê a contribuição extraordinária de solidariedade?
Por quê, depois desta acumulação sangrenta de ataques, aumentar a contribuição dos pensionistas para a ADSE?
Por quê fingir que a isto tudo não acresce o corte nos serviços públicos, o aumento do preço dos transportes, a lei dos despejos (entre tanta coisa) que torna insuportável, de forma muito especial, a vida de quem, já sendo velho e pensionista, ainda faz de segurança social privada acolhendo como pode filhos e filhas no desemprego?
Por quê tapar os olhos ao Povo com discursos cheios de palavras enguias fingindo que há um “sentido” em cortar retroativamente 10% pensões a partir de 600 euros ilíquidos , sim cortar isto a quem já acumulou toda a loucura que referi?
Por quê vir agora com uma vaga enunciação do corte retroativo das pensões de sobrevivência num discurso que esconde que também estas são contributivas?
Será, aqui, com uso dos exemplos de Mota Soares, tão ilustrativos dos pensionistas de um país que se chama Portugal, uma tentativa de centrar o debate só num ponto a ver se o Povo se esquece de tudo o resto?
Qual é a razão para esta barbaridade? A sustentabilidade da segurança social?
Mentira.
Como explicou hoje Vieira da Silva, esse é o álibi para fazer tudo isto aos mais frágeis, até porque, como também referiu, “apenas com as medidas fiscais e para fiscais o rendimento nominal disponível da pensão média da CGA foi reduzida em mais de 8% de 2011 a 2013. Um corte bem superior àquele que o Governo conseguiu na despesa corrente do Estado”.
Por quê, então?
Por quê saber que há milhares de pessoas concretas que fizeram, com base no princípio da confiança, planos absolutamente irreversíveis de vida e que agora levam tiros todos os dias?
Penso que sabemos, não é?
Isabel Moreira