Quantas vezes o agente do seu banco se recusou a fazer uma operação, aconselhando-o a ir ao multibanco? E há quanto tempo não vê um portageiro quando entra ou sai na autoestrada.? Quantos postos de combustível têm funcionários para abastecer o seu automóvel? O que é feito dos cantoneiros das estradas portuguesas? E a pressa na fila do supermercado não o desviou já para uma caixa sem funcionário? Estamos perante uma nova revolução industrial e, provavelmente, não temos ainda a consciência plena do Mundo em que vivemos. O que víamos nos filmes de ficção científica, não passaram assim tantos anos, está aí. As máquinas ocupam o lugar do homem no desempenho das mais diversas tarefas.
E que papel caberá a nós, humanos? Os mais otimistas, claro, apenas verão vantagens. Assim esta realidade foi apresentada quando era apenas ficção: ficaríamos livres para o lazer, para fazer aquilo de que gostamos, que nos dá verdadeiro prazer. A realidade, como de costume, mostra a outra face da moeda.
E na outra face não existe o tal mundo idílico. A realidade é bem mais dura. O que tem acompanhado a crescente automação do mercado de trabalho é, sem dúvida, o crescente aumento do desemprego. Uma situação que traz consequências mais vastas para o mundo do trabalho – sem trabalhadores, os sistemas de segurança social não sobrevivem.
Bill Gates aponta o cenário: daqui a 20 anos, trabalhos de armazém, condução de veículos ou serviços de limpeza serão assegurados por robôs. Para quando uma resposta a esta nova realidade? Vão os robôs pagar um imposto para financiar a segurança social? A questão surge na agenda política, pelo menos em França. Por cá, como de costume, estamos a ver onde param as modas. Os nossos deputados, da Esquerda à Direita, preferem criar grupos de trabalho a propor medidas concretas, e o ministro do Trabalho e Segurança Social nem quer ouvir falar em pôr as máquinas a pagar impostos.
A revolução está aí e os políticos fazem de conta que é ficção científica. Os outros, Bill Gates incluído, não encontram alternativa à taxação. A multidão que dará o seu emprego a uma máquina terá de sobreviver. E uma maneira de evitar a convulsão social é seguir o conselho do investigador Pedro Lima: criar um rendimento básico social para que os robôs trabalhem e as pessoas continuem a ter condições de viver. Pois só faz sentido as máquinas tomarem o lugar do homem para o libertar.
Paula Ferreira
Opinião JN 21.02.2017
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