Os impostos bons

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O Público, numa série de 12 grandes reportagens com boas ideias para Portugal, referiu-se ontem aos impostos na Dinamarca – talvez o País com impostos mais altos na Europa. É que, apesar de pagarem muito, os dinamarqueses, sabendo que o dinheiro vai ser utilizado de maneira limpa a favor deles, e não de mordomias indecorosas dos políticos (que alguns por aqui chamam ‘preço da democracia’, um preço que pelos vistos só os portugueses pagam em democracias ocidentais), não se importam. Ficamos a saber que por lá. a palavra ‘skat’, tanto significa ‘imposto’ como ‘querido’. E além de ser naturalmente utilizada para designar o dinheiro pago ao Estado e destinado a despesas públicas fundamentais (educação, saúde, reformas, etc.), também é usada por muitos pais para chamarem carinhosamente os filhos.

Uma das coisas mais desagradáveis deste Governo para mim (além de subjugar os indivíduos ao

mercantilismo mais servil, o que como católico me parece péssimo e desumano) é precisamente a forma como tornou odiosos impostos que se destinam exclusivamente às mordomias políticas e à dívida pública que o mesmo Executivo aumentou desmesuradamente (passando a considerar-se incomportáveis as despesas com os verdadeiros serviços públicos, criados por alguns países em época de muito maior pobreza, a seguir à II Guerra).

Eu gostaria de pagar os impostos tão orgulhosamente como os dinamarqueses: com a certeza de que reverteriam a favor da população, em políticas sociais, e que os serviços fiscais não se comportariam de maneira abusiva relativamente a quem os sustenta.

Pedro d´Anunciação
Opinião Sol 24.08.2015