Um passaporte verde digital com informação sobre o estado vacinal, com a história passada de covid-19 ou com o resultado de teste negativo é uma ideia tentadora que se associa a uma promessa de segurança.
Ao permitir que só as pessoas imunizadas ou com resultado negativo circulem livremente, este certificado poderia acelerar o retorno a uma vida normal, com um risco reduzido de transmissão de covid-19.
Apesar de tentadora, a ideia parte de pressupostos que não estão assegurados e pode acarretar problemas de equidade.
Raquel Duarte – Pneumologista |
O facto de o passaporte não exigir a vacinação para a realização das atividades atenua o potencial de iniquidade, uma vez que a vacina não está ainda acessível a todos. A obrigatoriedade de ter sido vacinado para o acesso a determinadas atividades poderia exacerbar as desigualdades existentes, criando dois mundos em que num as pessoas poderiam viajar e multiplicar as suas atividades enquanto no outro essa possibilidade se manteria limitada.
Incluir os outros dois critérios – ter tido infeção por covid-19 ou um teste negativo – reduz esse risco, mas traz outros problemas porque os pressupostos em que assenta o conceito estão por assegurar: que um indivíduo vacinado não corre o risco de ficar doente nem de transmitir a infeção aos seus contactos; quem esteve doente não corre o risco de ser reinfetado.
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