Filipe Luís-Editor Executivo |
“O problema foi o Natal. Dos debates parlamentares ao comentário político televisivo, a suspensão das medidas mais restritivas do estado de emergência, decretadas, pelo Governo, para quatro dias, durante o período natalicio, é o fator responsável pelo disparo do número de casos, internamentos e mortes por Covid-19. Mas será que houve vozes dissonantes, quando esse alívio de confinamento foi decretado? Ou o prognóstico só se fez, agora, no final do “jogo”?
Um dos mais criticos, na sua análise, na SIC, no passado domingo, foi Luís Marques Mendes. Ora, no seu programa de 6 de dezembro de 2020, Marques Mendes declarava-se genericamente de acordo com as medidas de levantamento
restrições, durante o Natal. É verdade que só a 14 de dezembro foram reportados os primeiros casos da variante inglesa e que mesmo antes disso, a 12, o comentador corrigia, parcialmente, o tiro, criticando “medidas contraditórias” – mas sem nunca pôr em causa algum alívio do estado de emergência.Noutros programa de comentário político, na SIC, como o Eixo do Mal, só Luís Pedro Nunes avisou para os riscos da abertura: “A noite de Natal pode provocar 800 mortes. Se carregassemos dois ou três airbus sabendo que se iam despenhar ali à frente, ninguém tomaria essa decisão…” Mas Daniel Oliveira lembrava que não valia a pena “proibir as pessoas de se encontrarem: “Elas fá-lo-ão à mesma”. Tanto neste programa como no do “Governo Sombra”, as palavras do sub-diretor-geral da saúde, Rui Portugal, que recomendava “uma compota” oferecida no “patamar da escada, com o devido distanciamento”, eram inapelavelmente ridicularizadas. Mesmo tendo em conta a figura e o inusitado da “mensagem”, ninguém reconheceu um fundo de alarme nos atabalhoados avisos daquele responsável.Várias frases pronunciadas pelos vários políticos:
“Compreendo que o Governo possa vir a decretar para o Natal uma situação de menor rigor. As pessoas estão muito martirizadas”