Uma política assente no ódio suscita ódio, que cresce no mundo contra a América.
Sem ouvir nem sequer informar os departamentos competentes da administração pública norte-americana, o Presidente Trump proibiu a entrada nos EUA de refugiados sírios. E suspendeu o acolhimento de nacionais de sete países de maioria muçulmana.
Curiosamente, entre estes não está incluída a Arábia Saudita, de onde eram oriundos não só Osama bin Laden como a maioria dos terroristas do 11 de Setembro de 2001.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, apressou-se a declarar que o seu país acolheria aqueles a quem Trump fechou a porta. Horas depois, seis muçulmanos eram assassinados quando rezavam numa mesquita no Quebeque. É o terrorismo antimuçulmano. Quem semeia ventos, colhe tempestades…
A ordem de Trump é provavelmente ilegal e até anticonstitucional: os tribunais decidirão. Pior é a mensagem de ódio que as posições de Trump contêm. E que não visam apenas os muçulmanos: recordem-se os vergonhosos insultos que o novo presidente dirigiu aos mexicanos.
Uma política assente no ódio suscita ódio, que cresce no mundo contra a América. A única superpotência, líder da democracia liberal, está a tornar-se menos democrática e sobretudo menos liberal. O mundo está agora mais perigoso.
Francisco Sarsfield Cabral