Liliana Coelho- Jornalista |
Foi uma reunião à distância, por videoconferência, mas talvez nunca os políticos e os peritos estiveram tão próximos na visão sobre a pandemia. Se em dezembro o Governo ignorou os alertas dos especialistas em saúde pública – que receavam o início de uma terceira vaga – e optou por aliviar as restrições no Natal, desta vez o Executivo de António Costa parece seguir à risca os conselhos dos especialistas.
Vários foram os alertas ouvidos à distância pelo primeiro-ministro (só a ministra da Saúde esteve presente na sede do Infarmed): o primeiro é que será necessário prolongar o confinamento durante dois meses para atingir níveis mais baixos de infeções e de internamentos em cuidados intensivos. Quem o disse foi Baltazar Nunes, responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Apesar de o pico de infeções já ter sido atingido a 29 de janeiro é preciso controlar a pandemia e aliviar a pressão sobre o SNS. Nesta altura, o índice de transmissibilidade (Rt) situa-se abaixo de 1 em todo o país, exceto na Madeira (1,13), o que indica uma trajetória decrescente. Mas é necessário manter o quadro de restrições durante pelo menos mais seis semanas.
“Precisamos de manter estas medidas por um período de dois meses para trazer o número de camas em cuidados intensivos abaixo dos 200 e a incidência a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”, defendeu Baltazar Nunes.