Esta quarta-feira é de novo feriado. Celebramos de novo com força nacional a implantação da nossa República. E nesse dia? Vamos ficar em casa? Ou festejamos na rua?
Se ficarmos em casa damos razão a quem decidiu acabar com este feriado em nome da austeridade. Se sairmos à rua, num dia que podemos ficar em casa, damos mais sentido à liberdade que a República nos trouxe.
Feriados são mais que descanso, são celebrações de pertença. São dias de festa sobre as causas em que uma sociedade escolhe acreditar. Em Portugal, como noutros países, celebramos a liberdade, o trabalho, a nacionalidade e todos os valores nos quais uma nação acredita e se revê.
É por isto que cada feriado é muito mais que uma pausa no trabalho. Muito mais que uma oportunidade de descanso. Os feriados são símbolos de unidade nacional.
Quando o Governo de Passos Coelho decidiu acabar com alguns feriados, estava a dizer às pessoas mais do que aquilo que parecia. Estava a mandar um recado claro sobre aquilo que se preparava para fazer.
Se pensarmos bem, um político que não acha importante continuar a festejar o sistema político vigente, está disposto a abrir mão de muito mais que 24 horas de descanso. Visto a esta distância, é fácil compreender o que esta atitude realmente significava. Quando o Governo anterior decidiu acabar com o feriado da implantação da República estava, acima de tudo, a anunciar as políticas que estavam para vir.
Quem aliena o significado dos valores de uma nação, também lhe aliena o património. O que aconteceu a seguir, a privatização massiva das empresas e interesses nacionais, portos, aeroportos, energia, telecomunicação e muitos outros não era mais que a crónica de uma vontade anunciada. O ultraliberalismo que assolou Portugal nos tempos da crise e nos empobreceu mais e mais.
Por isso é muito importante que na quarta-feira não fiquemos em casa, sentados no sofá da Liga dos Campeões. É importante que façamos com a reposição deste feriado o que ele nos merece: que celebremos a República como uma das conquistas maiores de Portugal e dos portugueses.
José Manuel Diogo
ESPECIALISTA EM MEDIA INTELLIGENCE
JN 02.10.2016
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