Troika teve “custo enorme” e “desnecessário”, diz Nobel da Economia

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O economista Joseph Stiglitz afirmou esta terça-feira que as políticas de austeridade impostas a Portugal e a outros países europeus em crise “tiveram um custo enorme”, que foi “totalmente desnecessário” e que “penalizaram a recuperação” dessas economias.

O prémio Nobel da Economia de 2001, que está em Portugal a propósito das Conferências do Estoril, defendeu esta terça-feira, em conferência de imprensa integrada naquele evento, que “é preciso reconhecer que as políticas impostas pela zona euro tiveram um custo enorme – não só em Portugal mas em todos os países em crise”.

“Creio que este custo é totalmente desnecessário. O tipo de políticas de austeridade impostas pela troika não facilitou a recuperação. Na verdade, penalizou a recuperação”, argumentou o professor, sublinhando que os processos de ajustamento “construídos dentro da estrutura e do enquadramento da zona euro” geram “um peso desproporcionado que cai sobre os países mais fracos”, quando este fardo deveria recair nos países mais fortes.

O académico entende que “o mecanismo de ajustamento em que a Alemanha está a insistir é (…) extremamente dispendioso, ineficiente e injusto” e admite que, “uma vez feito o ajustamento, [os países] podem recuperar a prosperidade e isso pode ser sustentável”, mas alerta que haverá novos choques no futuro.

“É claro que vai haver choques algures no futuro e ninguém sabe qual vai ser a sua fonte ou como vai ser sentido nos diferentes países. E os problemas fundamentais do euro estão lá”, afirmou o professor da Columbia University, reiterando que, “quando ocorrer o próximo choque, vai haver outra vez um processo de ajustamento muito dispendioso e ineficiente” porque os defeitos do projeto da moeda única não foram corrigidos.

Joseph Stiglitz, que está em Portugal para participar nas Conferências do Estoril, recebeu etsa terça-feira o Estoril Global Issues Distinguished Book Prize 2017 pelo livro “O euro e a sua ameaça ao futuro da Europa”, editado em Portugal em 2016.

JN economia 30.05.2017