A incerteza não vem da economia em si própria, nem sequer da política nacional. Vem fundamentalmente das grandes questões políticas mundiais.
Todos nós falamos – e é uma evidência – que um dos grandes problemas que hoje afecta a nossa economia (e as outras!) é o da incerteza. Mas a incerteza não vem da economia em si própria, nem sequer da política nacional. Vem fundamentalmente das grandes questões políticas mundiais.
Não podemos sequer antever, neste momento, o que irão ser as consequências da eleição de Trump. Alterar-se-ão as condições de liberdade de comércio a nível intercontinental? Será expectável um aumento significativo do preço do petróleo? Poderão as taxas de juro na América vir a crescer para compensar um eventual aumento do défice das finanças públicas americanas?
Mas a incerteza campeia também a nível da Europa. Que tipo de acordo é que se irá estabelecer entre a União Europeia e o Reino Unido para regular o pós-Brexit? Que desafios é que vão pôr as dificuldades do sistema financeiro italiano e como reagirá o novo governo? Como conseguirá a União Europeia continuar a enfrentar a crise dos refugiados quando, em diversos países, ganham peso de forma acelerada os partidos xenófobos? Como é que a União irá encontrar a energia necessária para corrigir as suas crescentes disfuncionalidades, revertendo drasticamente o absurdo centralismo que vem adquirindo desde há uma década? Qual a atitude dos estados da Zona Euro face às contínuas dificuldades da Grécia? Manter-se-à e até quando a política do Banco Central Europeu?
Poderíamos multiplicar as questões, incluindo nelas outras zonas do globo.
Mas estas são suficientes para recordar que em 2017 nos vamos mover num cenário de grande incerteza e complexidade e que convém por isso olhar bem para o terreno antes de darmos os passos que escolhermos dar.
João Ferreira do Amaral