Miguel Esteves Cardoso |
Sobre a necessidade de reflectir sobre as cidades
Este ano de pandemia pode servir como uma chamada de atenção para o que fica quando se fecha a torneira do turismo. O que fica é Lisboa. Lisboa são as pessoas. É feita pelas pessoas que cá vivem. É feita não para mostrar ou para iludir ou para encantar: é feita para viver, para sobreviver, para ir de dia em dia.
A minha esperança para 2021 é para a minha cidade, Lisboa, embora infelizmente Lisboa não esteja sozinha em Portugal ou no mundo na voragem da descaracterização antropológica, estética e cultural. Há cidades ainda mais perdidas do que Lisboa – Veneza é a que mais dói aos venezianos – e outras que conseguiram reter a alma com mais sorte do que teve Lisboa, mas são as cidades portuguesas e aquelas que os portugueses mais visitam que mais nos devem preocupar.