Como é por demais (re)conhecido, eles já tinham mentido escandalosamente na campanha eleitoral de 2011. Pois começam agora a vir ao de cima as mentirolas de 2015. Foi o caso ontem, com a abertura de todos os telejornais a revelar que afinal a devolução da sobretaxa aos portugueses, se o ano terminasse neste momento, não iria corresponder aos 35,3% que Passos, Portas e Albuquerque tanto anunciaram em setembro mas somente a 9,7%.
O “sempre em pé” jornalista económico da SIC, José Gomes Ferreira, sentiu-se desta vez enganado pelo governo e, do alto da escuteira missão de que se julga divinamente investido (assim como que uma espécie de marcação cerrada aos políticos), logo veio explicar o ocorrido (citação abaixo) sem lhe por grandes flores: nada menos do que “uma vergonhosa manipulação política”, disse – e com inquestionável pertinência, convenhamos…
“O que aconteceu foi que houve reembolsos que deviam ter sido entregues aos funcionários públicos e que no mês passado não tinham sido entregues, no mês em que foram feitas as contas não tinham sido entregues e, assim, as receitas do IRS estavam artificialmente empoladas. O que se traduzia numa hipotética devolução maior da sobretaxa no final do ano. Isto tem um nome em bom português: foi manipulação de contas e foi feita antes das eleições, não há outra maneira de descrever esta situação, porque agora aparece uma devolução da sobretaxa que é potencialmente muito mais pequena; ora, na verdade ela decorre de uma retenção de dinheiro que o Estado sabia que não era dele e só pode ser por orientação política que isto aconteceu. (…) O dinheiro que ficou dentro dos cofres do Estado, que não pertencia ao Estado e que foi apresentado como receita efetiva do IRS e que não era. E, portanto, isto só tem um nome: foi uma vergonhosa manipulação política, porque as pessoas não sabiam – antes das eleições disseram-lhes que a devolução da sobretaxa podia ser de cerca de um terço, agora é apenas de umas décimas, portanto houve aqui manipulação política que não é admissível nos tempos que correm em que tudo é tão escrutinado, não é admissível.“